Materialismo Histórico e Luta de Classes
A sociedade de meados do século XIX, período em que Marx e Engels viveram, foi fruto de intensos processos históricos que, no decorrer de um curto espaço de tempo, mudou profundamente as relações sociais, políticas e econômicas vigentes na Europa desde o fim da Idade Média. A nobreza como classe dominante deu lugar à burguesia industrial; o campo, onde a maior parte da população vivia, foi presenciando um êxodo cada vez maior e viu sua população migrando para as cidades e se transformando em enormes massas de trabalhadores da indústria, que viria a ser chamada de proletariado. Em pouco tempo, a velha ordem feudal se desintegrou e cedeu à nova sociedade burguesa e industrial.
Para tal transformação, dois acontecimentos nos fins do século XVIII foram essenciais: a Revolução Francesa e a Revolução Industrial. A importância da primeira se deu politicamente, pois foi o ponto de ruptura com a monarquia absolutista para a instauração de uma nova ordem política mais apropriada à ascensão da burguesia como classe dominante; enquanto que a segunda propiciou os mecanismos econômicos e produtivos a esta classe, concentrando em suas mãos todo o aparato da grande indústria. Se antes as relações sanguíneas da nobreza permeavam todas as instancias do estado absolutista, agora é o poder econômico da burguesia que faz com que esta última detenha o poder político sobre o novo estado em formação.
As condições necessárias à ascensão da burguesia como classe dominante se deram por um longo e lento desenvolvimento. No início, na Baixa Idade Média, eram moradores dos burgos (pequenas cidades fortificadas) e se prestavam quase que exclusivamente ao comércio e à prestação de serviços. Não tinham sangue nobre e por isso não detinham nenhum poder político frente à nobreza. Porém, devido principalmente a estas tarefas desempenhadas por ela, passou a deter cada vez mais