Materia Fenomeno
HABILITAÇÃO: Jornalismo TURNO: Noturno
DISCIPLINA: Jornalismo na Literatura Brasileira – Texto Barroco
Cidade Vazia
Era o período de festas e por isso a metrópole, normalmente tão abarrotada de pessoas, estava vazia. Alguns caminhavam atravessando às ruas, outros faziam um passeio matinal, já que não haviam viajado junto com todo o resto da cidade. Um ou outro tentava se recuperar da noitada anterior, se aproveitando do fato de que tão poucos trabalhariam naquele começo de dia. E havia ela. Um senhora, parada em uma praça no centro da cidade, pregando sua religião silenciosamente, distribuindo pequenos panfletos para os poucos pedestres que por ali andavam. Algo fizera ela estar ali, mesmo nessa época festiva. Talvez sua fé, provavelmente. E havia ele. Algo fizera ele chegar até ali. Mais um dos desgarrados lançados à rua com o fim da madrugada, provavelmente. Ele, que atravessara ruas e faróis com seu carro sem fazer distinção, até se encontrar com outro veículo estacionado rente à praça, próximo à senhora.
É somente neste ponto que as pessoas que estão na rua se lembram que existe um mundo ao redor delas. Só com aquele estrondo de batida, com o grito de susto e com a colisão contrastantes com o silêncio fora da realidade comum da capital, é só nessse momento em que a cidade sai daquele estado de transe causado pela manhã atípica do feriado.
O motorista do carro engata a ré e sai em velocidade, quase batendo cinco metros depois em um poste e quase atropelando duas moças. Ali ele para e sai do carro desnorteado, fechando o cruzamento de duas avenidas. Felizmente não houve ferimentos, nem por parte do motorista, nem por parte dos pedestres. O primeiro carro, aquele estacionado na praça, também estava vazio, sua dona havia o estacionado ali para ir em um dos prédios da praça. Talvez morasse ali, talvez visitava alguém. A senhora que manifestava sua fé não fora atingida, apesar do susto e da próximidade que