matematica
Para Campos, a sensação é tudo. O sensacionismo torna a sensação a realidade da vida e a base da arte. O “eu” do poeta tenta integrar e unificar tudo o que tem ou teve existência ou possibilidade de existir. Álvaro de Campos é quem melhor procura a totalização das sensações, mas sobretudo das percepções conforme as sente ou, como ele próprio afirma, “sentir tudo de todas as maneiras”.O seu sensacionismo distingue-se do de Caeiro na medida em que este considera a sensação captada pelos sentidos como a única realidade, mas rejeita o pensamento. Caeiro, na sua simplicidade e serenidade, via tudo nítido e recusava o pensamento para fundamentar a sua felicidade por estar de acordo com a Natureza; Campos, sentindo a complexidade e a dinâmica da vida moderna, procura sentir a violência e a força de todas as sensações.
Em Campos, há a vontade de ultrapassar os limites das próprias sensações, numa vertigem insaciável, que o leva a querer “ser toda a gente e toda a parte”. Numa atitude unanimista, procura unir em si toda a complexidade das sensações.
Mas, passada a fase eufórica, o desassossego de Campos leva-o a revelar uma fase disfórica, a ponto de desejar a própria destruição. Há aí a abulia e a experiência do tédio, a decepção, o caminho do absurdo.
Depois de exaltar a beleza da força e da máquina por oposição à beleza tradicionalmente concebida, a poesia de Campos revela um pessimismo agónico, a dissolução do “eu”, a angústia existencial e uma nostalgia da infância irremediavelmente perdida.
A obra de Álvaro de Campos passa por três fases: a decadentista – que exprime o tédio, o cansaço e a necessidade de novas sensações; a futurista e sensacionista – que se caracteriza pela exaltação da energia, de “todas as dinâmicas”, da velocidade e da