MARXISMO
De outubro de 1843, quando se mudou para
Paris, até fins de 1844, Marx leu avidamente as obras dos economistas – entre outros J. B. Say,
James Mill, List, Ricardo e Adam Smith – e encheu uma série de cadernos com trechos dos seus escritos, acrescidos de comentários críticos. Os primeiros frutos desses estudos foram os
Manuscritos econômicos e filosóficos, nos quais Ma empenhou-se em uma crítica da economia política que deveria ocupá-lo pelo resto de sua vida.
Esses manuscritos assinalam a transição no pensamento de Marx da crítica filosófica à teoria social crítica – a transformação das idéias filosóficas em conceitos sociais.
A argumentação de Marx desenvolve dois temas principais. Primeiro, a concepção hegeliana da autocriação espiritual do homem é reinterpretada na linguagem da economia política, segundo a qual o trabalho é a fonte de toda riqueza. Mas, ao mesmo tempo, o significado do trabalho humano é concebido de modo mais amplo; através do trabalho o homem não só cria a riqueza, mas desenvolve as suas qualidades humanas e toda uma forma de vida social:
“É precisamente em seu trabalho sobre o mundo objetivo que o homem realmente se apresenta como um ser de sua espécie. Essa produção é a vida ativa de sua espécie. Por meio dela a natureza aparece como obra sua e sua realidade. O objeto do trabalho é, portanto, a objetivação da vida da espécie do homem, pois ele já não se reproduz apenas intelectualmente, como em consciência, mas ativamente e num sentido concreto, e percebe o seu próprio reflexo num mundo que construiu”.
Em segundo lugar, Marx utiliza a noção de alienação, que
Feuebach empregara para criticar a religião, para descrever um tipo de sociedade na qual, embora o processo de trabalho devesse implicar o desenvolvimento das potencialidades humanas do homem e a criação de um mundo de prazer, na verdade produzia, através da propriedade privada, desejo de posse, troca e competição, uma desvalorização e desumanização do trabalhador: