Mariategui - O problema do indio
I - Sua nova abordagem
Toas as teses sobre o problema indigena, que ignoram ou iludem a este como um problema economico-social, são outros tantos exercicios teoricos estéreis - e para voces apenas verbetes -, condenados a um absoluto descredito. Salvas algumas de boa fé. Praticamente, não tem servido senao para ocultar ou desfigurar a realidade do problema. A critica socialista descobre e esclarece, por que busca suas causas na economia do pais e nao em seus mecanismos administrativos, juridicos ou eclesiasticos, nem em sua dualidade ou pluralidade de raças, nem em suas condições culturais e morais. A questão indigena iniciou a nossa economia. Tem suas raizes no regime da propriedade de terra. Qualquer tentativa de resolve-lo com medidas de gestão ou da policia, com metodos de ensinamentos ou com obras de caridade, constituem um trabalho superficial ou adjetivo, assim como o feudalismo das "gamonales". (1)
O "gamonalismo" invalida inevitavelmente toda lei e ordenação de proteção indigena. O proprietario da terra, o latifundiario, é um senhor feudal. Contra sua autoridade, apoiada pelo ambiente e pelo habito, é impotente a lei escrita. O trabalho gratuito está proibido por lei e, no entanto, o trabalho gratuito, e algum trabalho forçado, sobrevive em um latifundio. O juiz, o prefeito, o maestro, o coletor, estão enfeitiçados pela grande propriedade. A lei nao pode prevalecer contra os gamonales. O funcionario que se obstinase em execução, seria abandonado e sacrificado pelo poder central, acerca do qual são sempre onipotentes as influencias do gamonalismo, que atuam diretamente atraves do parlamento, por uma via ou outra com a mesma eficacia.
O novo avaliação do problema indigena, por isso, é muito menos preocupada com as diretrizes da legislação que protejam das conseguencias do regime de propriedade agraria. O estudo do Dr. José A. Encinas( Contribuição a uma legislação de proteção ao indigena) inicia em 1918 esta tendencia, que