TextoAmaroHLS
7860 palavras
32 páginas
Trabalho Apresentado no Simpósio Temático “Os Índios e o Atlântico”, XXVISimpósio Nacional de História da ANPUH, São Paulo, 17 a 22 de julho de 2011
Trabalho Indígena na Formação das Alagoas (Século XIX): os índios das matas nas falas e relatórios oficiais1
Amaro Hélio Leite da Silva2
Introdução
As Falas e Relatórios oficiais da Província das Alagoas, século XIX, constituem um conjunto de documentos históricos importantíssimo para compreendermos a história dos índios das matas alagoanas. São muitas as Falas e os Relatórios provinciais sobre os índios, mas todos convergem para uma escrita do poder, na medida em que estabelecem os fundamentos políticos e econômicos da formação das Alagoas do século XIX. Na prática, isto significava ampliar o território da produção e a reserva de mão de obra; ou seja, era preciso acabar com a resistência das gentes das matas, especialmente a dos índios, que ocupavam terras férteis e resistiam ao trabalho forçado. Seja como soldados do Império, rebeldes das matas ou como força de trabalho, os índios sempre resistiram às formas de opressão da sociedade senhorial.
Há um movimento crescente de pesquisas e bibliografias sobre os índios de
Alagoas, porém são raros os estudos historiográficos sobre as formas de trabalho indígena no século XIX. Existem documentos e registros históricos pouco explorados, mas fundamentais para compreensão da história indígena desse período. Dentre esses documentos, podemos destacar os Relatórios e Ofícios das Diretorias Parciais dos
Índios e da Diretoria Geral dos Índios, publicados por Clóvis Antunes em 1983; Os
Índios nas Falas e Relatórios dos Presidentes da Província das Alagoas, publicado por
Almeida em 1999. A publicação desses documentos ajudou a esclarecer um pouco mais sobre algumas lacunas da nossa historiografia, contribuindo, inclusive, para a formação de uma nova escrita da história indígena em Alagoas. Entretanto, não foi uma publicação analítica, não havia a preocupação com a análise