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Conhecem-se relatos de quadros de histeria desde os primórdios da humanidade, podendo-se citar como exemplo os relatos presentes em documentos egípcios, escritos há 4 mil anos. Esse documento descreve casos de mulheres que apresentavam diversos sintomas associados, geralmente dores por todo o corpo, associadas à incapacidade de caminhar e até mesmo abrir a boca. Na antiguidade, atribuía-se como causa alguma alteração uterina. Acreditava-se que, devido ao descaso por parte do parceiro ou por fatalidade do destino, o útero deslocar-se-ia no interior do corpo da mulher, afetando o funcionamento dos outros órgãos e causando os sintomas. Por isso o nome "histeria", derivado do grego "hyster", que quer dizer útero.
Hipócrates, o pai da medicina, já falava sobre a histeria, entre as doenças das mulheres. Ele também acreditava na hipótese da movimentação do útero pelo organismo feminino, e o tratamento que ele recomendava era o mesmo indicado pelos egípcios: inalação de vapores e fumaças produzidas pela queima de produtos exóticos (que exalavam mau cheiro) e manobras físicas com o objetivo de fazer o útero retornar ao local. Interessante notar que, naquela época, esses quadros eram muito associados à abstinência sexual, de forma que em casos mais complicados, era indicada a introdução de uma espécie de "consolo" embebido em substâncias perfumadas, na vagina da mulher. Para a prevenção da histeria, recomendava-se a prática de relações sexuais.
A neurose histérica do tipo conversivo, classificada primeiramente por Freud como histeria de conversão, e hoje nomeada de distúrbio conversivo pela classificação psiquiátrica norte americana, é caracterizada como uma alteração ou limitação física involuntária e inconsciente que ocorre como resultado de conflitos ou necessidades psicológicas, na ausência de distúrbio físico. Costuma-se considerar que os estudos de Freud sobre esse distúrbio foram responsáveis pelo início da psicanálise, pois