Maquiavel e Lincoln
O presidente dos Estados Unidos Lincoln, como pode ser observado no filme que recebe seu nome, em dado momento da história, precisa exercer essas qualidades de governante e tomar uma difícil decisão. Quando comissários do Sul enviam uma mensagem de que desejam realizar um acordo de paz e pôr fim à Guerra de Secessão, o presidente decide não divulgar a informação. Quando a mesma chega por outros meios a membros democratas do Congresso, esses usam a omissão de Lincoln como pretexto para adiar a votação da 13ª Emenda, que iria pôr fim à escravidão nos Estados Unidos, à qual eles se opunham. Ao receber a notícia, Lincoln envia uma mensagem negando a existência dos comissários em busca de acordo na cidade, mas não nega a tentativa deles de paz.
O comentador Skinner, em seu texto “A Contribuição de Maquiavel”, escreveu: “O dilema muito provável em seu horizonte, segundo Maquiavel, é que ele verá o quanto é impossível atingir os fins desejados se não for pelos meios que não deseja”. Lincoln, dessa forma, prolongou a guerra, permitindo mais mortes, em visão do fim desejado, que era a abolição da escravidão, o qual traria mais benefícios do que o fim do conflito.
De fato, hoje podemos afirmar que a decisão do presidente foi sábia, visto que o fim da escravidão foi um dos maiores marcos da história do homem. No entanto, Lincoln não podia ter a certeza de que a Emenda ia ser aprovada, por conta do número limitado de congressistas a favor dela. Dessa forma, ele seguiu um caminho tortuoso, utilizando sua coragem e audácia e, ao fim, teve a conclusão desejada.
Considerando que a questão da escravidão estava causando uma crise nos EUA, Maquiavel afirma, como pode ser observado no capítulo III do livro “O Príncipe”, que “nunca se deve deixar prosseguir uma crise para escapar a uma guerra, mesmo