Manifesto antropófago
Manifesto Antropófago
A antropofagia é uma declaração de guerra a todos os povos civilizados e cristãos que impuseram suas culturas ao povo brasileiro. Ela é inovadora, mas tem suas raízes na tradição européia. No manifesto antropófago podemos dizer que ele manifesta, por sua crítica ao erudito e a tentativa de se estabelecer a identidade nacional, as duas por meio da metáfora. Este manifesto foi escrito por Oswald de Andrade numa linguagem elíptica, repleta de ambiguidades e sem ligação explícita entre as frases, o que caracteriza o caráter assimétrico da cultura brasileira. O antropofagismo é um elemento que faz parte da cultura histórica brasileira. Os índios queriam os inimigos mais inteligentes e melhores guerreiros, com o intuito de absorver suas boas qualidades. Os índios foram submetidos com a chegada dos colonizadores portugueses o que ilustra a absorção de tudo o que vem do estrangeiro, preferindo o nacional. A metáfora do canibalismo reaparece em várias manifestações vanguardistas, como no dadaísmo, surrealismo, fauvismo. O antropofagismo nesses movimentos de vanguarda, é associado à destruição do outro, à aquisição do poder do outro e à transformação de si próprio. O mais importante não é o fato de ingerir o outro, mas o de digeri-lo, trata-se da noção de simbiose. Come-se o outro para se apropriar de seu poder, utilizando-o para o benefício pessoal. Em toda a Europa há a noção de antropofagia cultural ligada ao movimento dadá.
Esse manifesto lança a palavra antropofagia, como suporte de escândalo, para ferir a imaginação do leitor com a lembrança desagradável do canibalismo. Tal palavra ofensiva gera uma agressão pessoal que traz à tona as oposições e contrastes éticos, sociais, religiosos, políticos subentendidos em suas entrelinhas. A presença de manifestações populares no texto garante o discurso