Manifestação da sexualidade infantil tcc
O artigo reflete sobre a sexualidade das crianças no contexto escolar.
Sexualidade é uma construção social, ainda hoje, polêmica na escola pela multiplicidade de visões, crenças, tabus, interditos e valores dos que nela estão inseridos. Se infans é o que não fala, é possível pensarmos na sexualidade infantil como aquela sobre a qual não se pode falar e também não se pode ver?
As teorias desenvolvimentistas, com base nas leis biogenéticas, asseguravam um determinismo no desenvolvimento da criança a partir de estágios espontâneos e sequenciais marcados por sobreposições de estruturas matrizes. Nos Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, escrito em 1905, Freud (1996) surpreendeu a comunidade científica com a teoria de que as experiências e condutas sexuais infantis contribuem para a vida e o comportamento da pessoa adulta. Seu trabalho explanava a divisão do período pré-puberal de desenvolvimento da personalidade em estágios dominados por tendências sexuais, essas provenientes de impulsos instintivos e não aprendidos, porém com o objetivo do prazer.
Esse estudo freudiano sobre o impacto da sexualidade infantil para a vida adulta desafiou a noção dominante da época de que a criança era uma criatura pura e inocente, razão porque foi recebido como revolucionário, chocante e mesmo ofensivo para a sociedade. Hoje, ainda convive-se com conhecimentos compartilhados socialmente sobre esse modo de olhar para a criança, fruto da herança cultural vitoriana. Por outro lado, cada vez mais percebe-se que os pequenos têm desejos, experiências e fantasias sexuais.
No imaginário popular de nossa cultura ocidental, ainda é comum o defrontamento com modos de olhar para a criança como meros destinatários passivos de ações adultas ou de intervenções institucionais por serem figuras frágeis, dependentes, necessitados de proteção e monitoramento.
A infância hoje não é mais vista e estudada por conceitos universais, mas histórica e culturalmente