Mangue
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No centro desse mundo de coisas está o mais onírico dos seus objetos, a própria cidade do Recife. Mas só a revolta desvenda inteiramente o seu rosto de mangue boy (ruas desertas, em que a decisão é ditada por apitos e tiros).
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Também a Recife do mangue beat é um “pequeno mundo”. Ou seja, no grande, no cosmos, as coisas têm o mesmo aspecto. Também ali existem encruzilhadas, nas quais sinais fantasmagóricos cintilam através do tráfico; também ali se inscrevem na ordem do dia inconcebíveis analogias e acontecimentos entrecruzados. É esse espaço que a lírica do mangue beat descreve.
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Para compreender tais profecias (incrustradas nas letras das músicas) e avaliar estrategicamente as posições alcançadas pelo mangue beat, precisamos examinar o estilo de pensamento difundido na inteligência burguesa de esquerda, supostamente progressista. [...] Do ponto de vista político e econômico, é preciso sempre contar, nesses autores, com o perigo da sabotagem.
[...] O mangue boy que leu, pensou e esperou e que se dedica à flânerie, pertence, do mesmo modo que o fumador de ópio, o sonhador e o ébrio, à galeria dos iluminados. E são iluminados mais profanos. [...] “Mobilizar para a revolucão as energias da