Maias
Algumas ideias sobre este episódio:
— O Sarau destinava-se a ajudar as vítimas das cheias do Ribatejo.
— Revela-nos aspetos caricatos da sociedade lisboeta: o gosto pela verborreia oca; a total falta de sensibilidade estética para apreciar o talento; a lágrima fácil perante o exagero poético romântico; a superficialidade das conversas.
— O primeiro interveniente é Rufino, um orador tido como sublime; a sua retórica vazia, quase barroca, traduz a sensibilidade literária da época; a sua bajulação à família real evidencia a idolatria em relação a quem o pode promover.
— Cruges representa o raro talento verdadeiro, incompreendido e alvo de risos.
— O último interveniente é Alencar, após “um intervalo de dez minutos como no circo”. O poeta declamou “A Democracia”, aliando poesia e política, numa encenação exuberante e sentimentalista, ultrarromântica, que termina, entre fortes aplausos, com propostas sociais utópicas de uma República em que o milionário, sorrindo, abre os braços ao operário.
— É neste episódio, aparentemente desligado por completo da intriga principal, que Ega entra em contacto com o Sr. Guimarães, personagem que se revela fundamental para o final trágico da intriga.
Se tens o manual Plural 11, da Lisboa Editora, aqui ficam algumas propostas de resolução das questões de leitura orientada da página 222:
1. A sátira social é dirigida ao atraso cultural e ao provincianismo do país. Por exemplo, a baronesa fala com desdém da música clássica de Cruges, sugerindo que este tocasse uma cantiga popular; ao mesmo tempo, elogia a ridícula declamação do Rufino. Também as outras senhoras mostram ignorância quanto à composição de Beethoven, chegando a marquesa do Soutal a designá-la por “Sonata Pateta”. Tudo isto provoca riso e gera desrespeito face à atuação de Cruges.
2. A confusão com o nome da sonata é o fator que gera o riso. A sonata, que é patética