maias
a) Móbil: organizado por Ega para homenagear Jacob Cohen, o Director do Banco Nacional, de cuja mulher era amante, funcionando, ainda, como o primeiro contacto de Carlos com a sociedade lisboeta.
b) Espaço social: participam nele personagens representativas da alta burguesia lisboeta e da aristocracia, em que se incluem Jacob Cohen, Carlos da Maia, João da Ega, Craft, assim como Dâmaso Salcede e Tomás de Alencar, estereótipo do poeta ultra-romântico.
c) Questões debatidas:
c.1. a questão literária: o episódio oferece a paródia de um debate literário, a que oficiam Ega e Tomás de Alencar, representantes, respectivamente, do Ultra-romantismo e do Naturalismo, posições extremadas que o narrador tacitamente recusa nos comentários que atribui a Carlos e a Craft. O debate é suscitado por um «fait divers», o drama fadista que termina numa violenta sarrabulhada, como refere Cohen, e que atesta a degradação moral passível de fornecer tema a um romance naturalista.
◘ Alencar: estereótipo do poeta ultra-romântico, facto implicado na sua descrição física (p. 159), cujas contradições interpreta.
Traços representativos:
.- aparência lúgubre e pose langorosa e teatral, sugerida pelo emprego da hipálage («românticos bigodes») e pelo valor estilístico do advérbio «inspiradamente», características que o tornam emblema da estética que defende: o romantismo hipersentimental e soturno, no qual se perfila a imagem de um Portugal culturalmente estagnado e enquistado numa literatura sentimental e demissionária;
- crítico acérrimo do Naturalismo, o «excremento», a que se refere depreciativamente, refugiando-se, para o combater, numa moralidade convencional e hipócrita e nos ideais do romantismo político - «a república de génios, assente na fraternidade e na justiça».
◘ João da Ega: perfilha, quase caricaturalmente, uma adopção a-crítica do