maias
Sairá de Santa Olávia para tirar Medicina em Coimbra. Descrito como um belo jovem da Renascença com olhos negros e líquidos próprios dos Maias, alto, bem feito, de ombros largos, com uma testa de mármore sob os anéis dos cabelos pretos, barba muito fina, castanho escura, rente na face, aguçada no queixo e com um bonito bigode arqueado aos cantos da boca, era admirado pelas mulheres, elegante na sua toilette e nos carros que guia. Depois do curso acabado, viaja pela Europa. Regressando a Lisboa traz planos grandiosos de pesquisa e curas médicas, que abandona ao sucumbir à inatividade, pois, em Portugal, um aristocrata da sua estripe não é suposto ser médico. Apesar do entusiasmo e das boas intenções fica sem qualquer ocupação e acaba por ser absorvido por uma vida social e amorosa que levará ao fracasso das suas capacidades e à perda das suas motivações. É um diletante que se interessa por imensas coisas, demonstrando um comportamento dispersivo. Carlos transforma-se uma vítima da hereditariedade (visível na sua beleza e no seu gosto exagerado pelo luxo, herdados da mãe e pela tendência para o sentimentalismo herdado do pai) e do meio em que se insere, mesmo apesar da sua educação à inglesa e da sua cultura, que o tornam superior ao contexto sociocultural português. Será absorvido pela inércia do país, assumirá o culto da imagem, numa atitude de dândi. A sua superioridade e distância em relação ao meio lisboeta são traduzidas pela ironia e pela condescendência. O dandismo revela-se em Carlos num narcisismo que se alia ao gosto exagerado pelo luxo e também na automarginalizarão voluntária em relação à sociedade, motivada pelo ceticismo e pela consciência do absurdo e do vazio que governa o mundo daqueles que o rodeiam. A sua verdadeira paixão nascerá em relação a Mª Eduarda, que