Madona dos páramos
Mato Grosso possui um vasto caminho de histórias, mitos, lendas, crenças e uma farta Literatura, entre outras coisas. Ao utilizar a literatura como matéria prima, Ricardo Guilherme Dicke apresenta temas fortes e uma linguagem densa ao construir uma obra cheia de surpresas, mitos, disputas, fragilidades e um mesmo desejo – encontrar a “Figueira Mãe”. É em busca desse desejo “em comum” dos personagens de Dicke que Madona dos Páramos é “construída”.
Procurando compreender como a região de Mato Grosso é apresentada no romance de Ricardo G. Dicke – Madona dos Páramos (MP doravante), conhecer o autor, como ele trata dos problemas sociais, da violência, dos personagens, do espaço e da voz narrativa, propus-me a analisar no romance os aspectos acima citados, assim como expor a importância dessa obra para a cultura literária mato-grossense.
Em 1936, em Raizama, município de Chapada dos Guimarães, nasce Ricardo Guilherme Dicke. Escritor de uma rica e diversificada produção, é um dos autores mais premiados do Estado. Como artista plástico estudou pintura e desenho, entre 1967 e 1969 com Frank Scheffer e entre 1969 e 1971, com Ivan Serpa e Iberê Camargo. Publicou os seguintes romances: “Deus de Caim”; “Como o Silêncio”; “Caieira”; “A chave do Abismo”; “Madona dos Páramos”; “O Último Horizonte”; “Cerimônias do Esquecimento”; “Conjuctio Opositorium no Grande Sertão”, tese de mestrado em Filosofia na UFRJ; “O Salário dos Poetas”; “Rio Abaixo dos Vaqueiros”. Sua produção carrega um “clima” que incomoda, diferente, que elege “o monstruoso como forma de vida” (MAGALHÃES, 2001), além de apresentar personagens sobreviventes de um Sistema duro, “desreferenciados num mundo sem lei” (MAGALHÃES, p. 208).
A obra literária de R. G. Dicke é um difícil caminho a ser percorrido, mas isso não elimina sua capacidade de fazer refletir. MP causa estranhamento inicialmente e isso às vezes pode ser generalizado de forma negativa pelo leitor. O ideal é que cada um esteja atento