MADAME DABERDAT
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MADAME DABÉRDATESTUDO EM 1 ATO DO CONTO “O QUARTO” DE JEAN – PAUL SARTRE
ESTUDO E ADAPTAÇÃO: MILTON F. VERDERI
MADAME DABÉRDAT EM UM QUARTO, COMENDO ALGUMA GOMA COBERTA DE AÇÚCAR BEM FINO, O AÇÚCAR CAI SOBRE O LIVRO EM SEU COLO – MADAME DABÉRDAT ESTÁ DEITADA EM SUA CAMA – ELA SUTIL E LEVEMENTE RETIRA O AÇÚCAR QUE CAI SOBRE O LIVRO, EM GESTOS PENSATIVOS TITUBEANTES.
LEVA A GOMA COM CUIDADO AOS SEUS LÁBIOS. SEMPRE TEMENDO QUE A FINA POEIRA DE AÇÚCAR CAIA. - É DE ROSAS. SERÁ QUE DEVO MORDER ESTA CARNE VÍTREA COM ESSE PERFUME QUE ME ENCHE A BOCA? ...
- É CURIOSO COMO A DOENÇA AFINA AS SENSAÇÕES...
- AO PASSAR MINHA MÃO SOBRE ESTE LIVRO, SEMPRE ME LEMBRO DE ARCACHON – ONDE COSTUMAVA PASSAR MINHAS FÉRIAS – SEMPRE RETIRANDO A AREIA FINA SOBRE O LIVRO COMO SE EU ESTIVESSE TIRANDO UMA CAMADA DE VIDA QUE AINDA ESTÁ POR VIR...OU ENTÃO QUE A NEGUEI. O VERÃO TODO DE 1907, EU PASSEI EM ARCACHON... A BEIRA MAR...
- LEMBRO –ME DE UM CHAPÉU DE PALHA COM UMA FITA VERDE – A FITA VERDE, A FITA VERDE... EU FICAVE SEMPRE A BEIRA MAR E O MAR E O VENTO TRAZIA PARA MEUS JOELHOS TURBILHÕES DE AREIA.
- SÓ QUE OS GRÃOS DE AREIA ERAM SECOS E ESSES TORRÕEZINHOS DE AÇÚCAR GRUDAM, IRRITANTEMENTE, EM MEUS DEDOS.
- ÊVE AINDA NÃO TINHA NASCIDO..NEM SEI SE EU AINDA ESTAVA ENAMORADA...OU CASADA...OU... ME SINTO CHEIA DE RECORDAÇÕES, ISSO SIM, É ESTRANHO! E O AÇUCAR GRUDANDO EM MEUS DEDOS. PENSO EM LAMBÊ-LOS, MAS SERÁ ESTA A SOLUÇÃO?
- SINTO-ME CHEIA DE RECORDAÇÕES E PRECIOSA, COMO SE ESTIVESSE GUARDADA EM UMA CAIXINHA DE SÂNDALO. EXATAMENTE COMO ESTA DOENÇA QUE ME RETÉM DENTRO DESTE QUARTO. GOSTO DE LER BIOGRAFIAS E LIVROS DE HISTÓRIA. SÃO LEITURAS REQUINTADAS PARA UMA DOENÇA QUE É IGUAL A FRUTO QUE AMADURECE EM UMA ESTUFA.
TODA QUINTA-FEIRA MEU MARIDO ADENTRA O QUARTO E VEM DIZER SOBRE MINHA FILHA... NOSSA FILHA. ELE VEM ME DIZER QUE TODAS AS AGRURAS QUE ELA PASSA SÃO CAUSADAS, EXATAMENTE, POR UM CONLUIO – COMO ELE GOSTAVA DE DIZER – POR UM CASAMENTO QUE NÃO FOI QUERIDO. SERIA UMA