Macunaíma: é possível vê-lo como produto e símbolo da busca de uma identidade nacional?
4094 palavras
17 páginas
Toda sociedade, civilizada ou não, está em constante busca de sua identidade. Ao expressar culturalmente seus anseios, inquietações e costumes, todo povo tenta dizer quem é, para que veio e para onde quer ir. Os paradigmas que norteiam a construção da cultura de uma população sofrem influências internas e externas, para depois influenciarem a vida dessa sociedade. Como vivemos numa era mutante, onde as informações praticamente surgem na velocidade da luz, as construções das identidades das sociedades também devem estar em constante transformação. Porém sem alterar a essência que as constituem, as origens que as constituíram. Qualquer povo tem uma cultura. Se não a tem, arranja-se uma. Pois é através da cultura que uma sociedade exterioriza seus hábitos e costumes. Ao longo do tempo, essa exteriorização passa a ser uma construção da identidade desse povo. Falar sobre a identidade nacional do Brasil é um trabalho complexo e que induz a muitas reflexões acerca do tema. Ela é intrínseca à cultura brasileira. Uma cultura mesclada e heterogênea, forjada sob forte influência das culturas europeias, africanas e indígenas. O resultado desta mescla não é inerte, é dinâmica e se adapta em diferentes épocas de acordo com os hábitos e necessidades de uma comunidade cultural. A cultura brasileira é a cor local de um todo e ao mesmo tempo fragmentada pelas cores locais regionais. Cada região brasileira tem sua cultura própria, seus sotaques e suas linguagens característicos, sem se separar da cultura nacional.
Nas artes em geral e na literatura brasileira, em diferentes épocas, é evidente a busca pela identidade nacional. No Romantismo do século XIX, com a chegada da família real, em 1808, e a independência do Brasil, em 1822, a literatura brasileira sofreu forte influência desses dois acontecimentos históricos. Neste período, as características como o nacionalismo e a retomada dos acontecimentos históricos nacionais imperavam na literatura brasileira. Na segunda metade do