A moldura das nacionalidades
A moldura das nacionalidades: a construção imaginária da nação brasileira no século XX
Durval Muniz de Albuquerque Júnior
Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
A) Nação e Nacionalismo
1915, em plena Primeira Guerra, na Academia do Largo de São Francisco,
Olavo Bilac encabeça uma campanha nacionalista e cria a Liga Nacionalista e a Liga de Defesa Nacional, dando partida a uma tradição de militância em torno do nacionalismo, cuja inspiração confessará, seria a obra, Os Sertões de Euclides da
Cunha.1 O conflito europeu era o ápice de uma série de disputas entre as nações por mercados, zonas de influência política e territórios neocoloniais. Ela trazia para
Bilac e outros uma enorme apreensão, um medo de vir o país a se constituir em nova vítima da sanha expansionista do imperialismo europeu. Bilac vendo seu país como "pouco civilizado", inferior, do ponto de vista técnico, social e racial, temia a perda da soberania do seu espaço, do espaço que dominava para os “povos superiores". A Primeira Guerra marca uma inflexão nas práticas e discursos em torno do problema da nação, de sua soberania, de sua constituição, identidade e povo; abrese um espaço de dissensões múltiplas, um conjunto de oposições em diferentes níveis das práticas sociais que têm a nação e a integração do povo à nacionalidade como objetos privilegiados e centrais.2 O problema da nação faz emergir uma série de regras e códigos não só para se ouvir como para se dizer e ver esta espacialidade. As mudanças que estavam ocorrendo na sensibilidade social em relação ao espaço e nas diversas relações sociais vão se cruzar com esta inflexão nas regras de formação dos discursos sobre a nação, que dará origem ao que chamaremos de formação discursiva nacional-popular.
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Durval Muniz de Albuquerque Júnior
A questão da nacionalidade, no entanto, apenas se colocava de outra forma neste momento. Nossa elite já se via defrontada com