Luísa
Tão redonda a lua
Como flutua Vem navegando o azul do firmando
E no silêncio lento Um trovador, cheio de estrelas Escuta agora a canção que eu fiz Pra te esquecer Luísa Eu sou apenas um pobre amador Apaixonado Um aprendiz do teu amor Acorda amor Que eu sei que embaixo desta neve mora um coração.
Vem cá, Luísa Me dá tua mão O teu desejo é sempre o meu desejo Vem, me exorciza Dá – me tua boca E a rosa louca Vem me dar um beijo E um raio de sol Nos teus cabelos Como um brilhante que partindo a luz Explode em sete cores
Revelando então os sete mil amores Que eu guardei somente pra te dar Luísa.
Cantiga de Amor
Quer ’eu em maneira de proençal
fazer agora um cantor d’amor,
e querrei muit’i loar mia senhor
a que prez nem fremosura nom fal,
nem bondade; e mais vos direi en:
tanto a faz Deus comprido bem que mais que todas las do mundo do val.
Ca mia Senhor quiso Deus fazer tal,
quando a fez, que a fez sabedor
de todo bem e de mui gram valor,
e com tod’est[o] é mui comunal
ali u deve; er deu – lhi bom sem,
e desi nom lhi fez pouco de bem
quando nom quis que lh’outra foss’igual.
Ca em mia senhor nunca Deus pôs mal,
mais pôs i prez e beldad’e loor
e falar mui bem, e riir melhor
que outra mulher; des i é leal
muit’; e por esta nom sei hoj’ eu quem
possa compridamente no seu bem
falar, ca nom há, tra- lo seu bem, al.
Quero à moda provençal fazer agora um cantar de amor, e quererei muito aí louvar minha senhora a quem honra nem formosura não faltam, nem bondade; e mais vos direi sobre ela: Deus a fez tão cheia de qualidades que ela vou mais que todas as do mundo.
Pois Deus quis fazer minha senhora de tal modo, quando a fez, que a fez conhecedora de todo bem e de muito grande valor, e além de tudo isto é muito sociável quando deve. Também deu – lhe bem senso, e desde então não lhe fez pouco bem impedindo que nenhuma outra fosse igual a ela.