Lutas de classes
Classe social, elite política e elite de classe: por uma análise societalista da política
Sem dúvida, o marxismo não poderá deixar de enfrentar diretamente o problema das classes como agentes históricos do presente [...] As classes não são agentes no mesmo sentido que são os indivíduos, os grupos ou as organizações [...] Uma classe jamais pode tomar uma decisão enquanto classe [...] As classes agem através da ação dos indivíduos, dos grupos e das organizações. A ação do agente de classe poderá ser destacada na comunhão de interesses, no paralelismo de aspirações, na analogia das formas de ação e na inter-relação da sustentação recíproca entre as ações dos pertencentes à mesma classe. Em que medida haja consciência de todos esses elementos, e eles se manifestem nos processos decisórios coletivos voltados para um resultado específico – eis um problema que põe uma série de questões empíricas quando à formação e à história das classes (THERBORN, 1989, P. 437-8).
O propósito deste artigo é discutir, mais uma vez, a possibilidade (e os impedimentos) de uma análise da dinâmica política das sociedades contemporâneas que enfatize a variável “classe social”.
Pretendemos considerar esse tema a partir da perspectiva teórica apresentada há um bom tempo por autores como Aron (1950, 1960, 1965), Mills
(1981, 1985), Miliband (1972, 1982), Bottomore (1974), Giddens (1974) ou Therborn (1989). Esses cientistas sociais defenderam, cada um à sua maneira, que uma forma possível para operacionalizar o conceito de classe social seria por meio de sua articulação com o conceito de elite (econômica e/ou política). Não aspiramos apresentar nenhuma proposição teórica inédita com relação a essa sugestão mais geral. Nosso objetivo é, acatando essa proposição, enfatizar a necessidade de uma discussão acerca dos procedimentos metodológicos que permitiriam operacionalizar a junção das duas noções de modo cientificamente rentável.