Lui S De Camo Es
Era uma vez um português de Portugal.
O nome Luís há-de bastar toda a nação ouviu falar.
Estala a guerra e Portugal chama Luís para embarcar.
Na guerra andou a guerrear e perde um olho por Portugal.
Livre da morte pôs-se a contar o que sabia de Portugal.
Dias e dias grande pensar juntou Luís a recordar.
Ficou um livro ao terminar muito importante para estudar:
Ia num barco ia no mar e a tormenta vá d'estalar.
Mais do que a vida há-de guardar o barco a pique Luís a nadar.
Fora da água um braço no ar na mão o livro há-de salvar.
Nada que nada sempre a nadar livro perdido no alto mar.
- Mar ignorante que queres roubar?
A minha vida ou este cantar?
A vida é minha ta posso dar mas este livro há-de ficar.
Estas palavras hão-de durar por minha vida quero jurar.
Tira-me as forças podes matar a minha alma sabe voar.
Sou português de Portugal depois de morto não vou mudar.
Sou português de Portugal acaba a vida e sigo igual.
Meu corpo é Terra de Portugal e morto é ilha no alto mar.
Há portugueses a navegar por sobre as ondas me hão-de achar.
A vida morta aqui a boiar mas não o livro se há-de molhar.
Estas palavras vão alegrar a minha gente de um só pensar.
À nossa terra irão parar lá toda a gente há-de gostar.
Só uma coisa vão olvidar o seu autor aqui a nadar.
É fado nosso é nacional não há portugueses há Portugal.
Saudades tenho mil e sem par saudade é vida sem se lograr.
A minha vida vai acabar mas estes versos hão-de gravar.
O livro é este é este o canto assim se pensa em Portugal.
Depois de pronto faltava dar a minha vida para o salvar.
Autor: Almada Negreiros (1893-1970)
TRABALHO DE PORTUGUÊS João Francisco de Pinho Gonçalves
“OS LUSÍADAS” Lisboa, fevereiro de 2015 PY
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I
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