Lugar
No contexto atual, a sociedade depara-se com um conjunto de acontecimentos que ultrapassam as fronteiras do local, pois são eventos globais, mas sua repercussão se materializa no lugar. Aliás, o lugar é o depositário final dos eventos (SANTOS, 2003).
Santos mostra que o local e o global são articulados e justapostos e se mostram como uma das facetas do período técnico científico informacional, isso devido à fluidez e a simultaneidade caminharem juntas. Há uma rapidez de informação somada a uma fluidez da comunicação. E o lugar apresenta-se tanto como expressão de resistência como de adaptação à ordem global. A globalização da economia, em vez de ocasionar a homogeneização dos lugares, permitiu reforçar a diferenciação e as especificidades locais.
Este artigo tem por objetivo trabalhar e apreender o conceito de Lugar, para isso é necessário contextualizá- lo de acordo com suas acepções teóricas. Portanto buscamos como caminho as correntes da Geografia Humanística e da Geografia Crítica, tais teorias tratam o conceito de lugar de maneiras diferentes, mas uma não anula a outra, elas são complementares.
Ao percorrer um pouco pela História do Pensamento Geográfico nota-se que o conceito de Lugar é tratado de maneira diferenciada. Vidal de La Blache, por exemplo, afirmava que “A geografia é a ciência dos lugares e não dos homens”. Mas em que contexto Vidal estava inserido? O Lugar nesta época era associado simplesmente à ideia de localização geográfica. Território e paisagem eram os conceitos mais utilizados e referenciados nesta abordagem alemã, devido principalmente às questões políticas daquela época.
Tanto a escola alemã como a francesa pertence ao que alguns autores como Moraes (1990) e Lencioni (1999) denominaram de Geografia Tradicional, cuja diferença se está na linha metodológica utilizada para estudar a relação homem-meio. Enquanto a Geografia alemã pauta-se no determinismo geográfico, a escola francesa fundamenta-se no