logistica
representação da escola como local em que não haverá nenhum tipo de ganho é
comum nos discursos dos “jovens infratores”. Eles demonstram ter consciência de que a
escola proporcionará, na medida do possível, algum tipo de conhecimento, mas demonstram
em seus relatos não acreditarem que esse conhecimento adquirido lhe será útil. Dessa forma,
possuir estudo não demonstra ser garantia de nada para a maioria desses jovens. Bourdieu
(1983) resume apropriadamente essa questão:
Os “jovens infratores” se angustiam com o prolongamento da vida escolar, tanto
devido ao fator econômico, quanto à precária situação do sistema de ensino público do
município de Olinda:
Para os “jovens infratores”, o trabalho informal surge como alternativa rápida para
o sustento da família, como forma de matar a própria fome, ou como meio para conseguir
objetos materiais, tornando-se para o mesmo mais importante que a escola:
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Apesar do sentimento imediatista e da falta de estudo e profissionalização, o modelo tradicional de trabalho ainda é muito almejado pelos “jovens infratores”, mesmo tendo se tornado mais difícil de se praticar. Ao lado da negatividade contida no fato de ser pobre e criminoso, a oportunidade de ser trabalhador acrescenta significado moral conferido ao seu trabalho, requalificando as relações de trabalho sobre o capital. Ou seja, para esses jovens, trabalhar, muito mais que estudar, pode significar o resgate da sua dignidade perdida em decorrência do estigma de ser “ladrão”, “bandido”, “vagabundo”, “marginal”: