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O HOMEM QUE INVENTOU A DITADURA NO BRASIL
UM
Tudo indica que o RS, o estado mais meridional do Brasil, na fronteira com a Argentina e Uruguai, marcha inexoravelmente para uma guerra civil, na qual os habitantes voltarão a se dedicar ao seu esporte histórico favorito - o de guerrear. (A. Bierce, jornalista norte-americano). Não existem tendência separatistas só no RS, mas também no Paraná, SC, São Paulo e Pernambuco, mas não há sinais que essas possam vingar. Na hipótese de uma secessão, o RS e o Uruguai formarão um único país, subvertendo o equilíbrio diplomático e militar no hemisfério sul. O RS vive em um estado de instabilidade e desordem governamental, com todos os fermentos de uma guerra civil. A declarada e visível causa da desordem e da instabilidade é a disputa pelo poder entre os dois caudilhos mais poderosos do RS, o doutor Júlio de Castilhos, líder do partido Republicano, e o conselheiro Gaspar Silveira Martins, líder do partido Liberal, e conhecido no Império como Rei do Rio Grande. Martins e seus adeptos não se conformam com a constituição promulgada pelo senhor Castilhos. A constituição foi elaborada e aprovada de maneira bem estranha. Uma comissão de 3 destacados republicanos, entre os quais Júlio de Castilhos, foi encarregada de elaborar um anteprojeto. Para surpresa geral, o senhor Castilhos confeccionou sozinho o anteprojeto, sem dar-se sequer o trabalho de ouvir os dois outros membros da comissão. Objeções do senhor Martins e seus adeptos: as leis não são elaboradas pelo parlamento, mas pelo chefe do executivo; o vice-presidente não é eleito, mas nomeado pelo presidente; o presidente pode ser eleito por número indeterminado de vezes. Dispositivos contrariam a Constituição Federal. O senhor Castilhos montou uma imbatível máquina político-eleitoral baseada na fraude e na violência, um indisfarçada ditadura. Castilhos e seus adeptos são seguidores das doutrinas de Augusto Comte, que prega a monocracia e a ditadura científica. A oposição

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