livro aRiqueza das nações
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de A riqueza das nações para o desenvolvimento da ciência econômica
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Octavio Gouvêa de Bulhões *
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o
Professor Jacob Viner, ao exammar o trabalho de Adam Smith, em conferências proferidas na Universidade de Chicago,l assinalou o perigo de creditar-se 'prioridade a um escritor, pelo risco de incorrer-se na injustiça do desconhecimento de seus predecessores. No caso, porém, de Adam
Smith, Viner julgou que poderia assinalar a originalidade desse autor em dar, pela primeira vez, uma concepção unificada de relações interdependentes à multiplicidade dos fenômenos econômicos por ele apontados e examinados. Talvez se possa acrescentar que essa concepção unificada repousa na ênfase, igualmente original, dada por Smith à liberdade de produzir.
Se remontarmos à época em que Smith escreveu, compreenderemos o sentido de liberdade a que ele se refere, ou seja, à remoção de barreiras impostas pelos privilégios do mercantilismo.
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Pr~sidente
do IBRE/FGV.
Viner (1926).
R. bras. Econ.,
Rio de Janeiro,
31 (1) :5·11,
jan.jmar. 1972
Colbert, pondera Smith, o famoso ministro de Luiz XIV, era homem probo, dotado de grande experiência nas finanças públicas. Infelizmente, continua Smith, Colbert deixou-se envolver pelos preconceitos do mercantilismo que em sua natureza e em sua essência representam uma red.: de restrições nefastas. Colbert passou a regular a produção e o comércio como se fossem partes integrantes de departamentos do serviço público.
Em vez de 'Permitir aos produtores seguirem seu próprio caminho, em ambiente de igualdade, liberdade e justiça, ele conferiu a certas indústrias privilégios extraordinários, ao mesmo tempo que, a outras, impôs restrições também extraordinárias. Não se limitou a favorecer a atividade urbana. No propósito de imprimir-lhe maior favorecimento, deprimiu a atividade rural. Além de proibir a exportação do trigo, de modo a deixá-lo mais barato ao consumo urbano,