Literatura
PORTUGUESA
Buzinas. Máquinas. Sirenes. A modernidade grita. Na rua, os sons entorpecem os nossos sentidos, mas quase nem mais os percebemos nesta sinfonia diária de ruídos. Dentro de casa, muitas vezes nos refugiamos junto ao barulho: música alta, televisão ligada, eletrodomésticos em funcionamento. Ainda há lugar para o silêncio no nosso mundo de hoje? Dentro da literatura, há. E sempre houve. Literatura que também denunciou outros silêncios, como aquele forjado pelas ditaduras.
Concentre-se e escute o som do silêncio, ao responder as questões que seguem nesta prova.
INSTRUÇÃO: Para responder à questão 31, leia a crônica Um pouco de silêncio, de Lya Luft, e preencha os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso).
Nesta trepidante cultura nossa, da agitação e do barulho, gostar de sossego é uma excentricidade. Sob a pressão do ter de parecer, ter de participar, ter de adquirir, ter de qualquer coisa, assumimos uma infinidade de obrigações. (...) Quem não corre com a manada praticamente nem existe, se não se cuidar botam numa jaula: um animal estranho. Acuados pelo relógio, pelos compromissos, pela opinião alheia, disparamos sem rumo – ou em trilhas determinadas – feito hâmsteres que se alimentam de sua própria agitação. Ficar sossegado é perigoso: pode parecer doença. Recolher-se em casa ou dentro de si mesmo ameaça quem leva um susto cada vez que examina sua alma. Estar sozinho é considerado humilhante, sinal de que não se arrumou ninguém – como se a amizade ou o amor se arrumasse em loja. (...) Além do desgosto pela solidão, temos horror à quietude. Pensamos logo em depressão: quem sabe terapia e antidepressivos? Uma criança que não brinca ou salta ou participa de atividades frenéticas está com algum problema. O silêncio assusta-nos por retumbar no vazio dentro de nós. Quando nada se move nem faz barulho, notamos as frestas pelas quais nos espiam coisas incômodas e mal resolvidas, ou se observa outro ângulo de