literatura
Resenha ao livro “Identidade” de Zygmunt Bauman
Juliano MADALENA1
Se pudéssemos resumir o arcabouço de conceitos e desdobramentos doutrinários que a identidade possui em apenas uma palavra, esta seria pertencer. Assinalando que, dentre as várias conotações do conceito de identidade, aquela referente à nacionalidade representa a coesão que se sobrepõe ao agregado de indivíduos do Estado. A identidade que conhecemos foi conduzida a uma compreensão humana, pois seu surgimento se deu através de uma ficção, e não de uma experiência humana propriamente dita. Essas ideias, como refere Bauman, é fruto da crise do pertencimento e do esforço que se desencadeou para a recriação da realidade à semelhança da ideia. Esse esforço foi erguido pelo nascente Estado moderno na condição de dever obrigatório para todas às pessoas que se encontravam sob a égide de sua soberania territorial. O “pertencer-pornascimento” de Bauman é a consequência lógica de pertencer a uma nação cuja convenção foi intensamente construída pela humanidade.
O pertencimento e a identidade não possuem a solidez perpétua, mas sim a finitude de um mecanismo que exerce um poder de transformação contínua. As identidades estão em constante trânsito, provenientes de diversas fontes, quais sejam aquelas disponibilizadas por terceiros ou acessíveis através de nossa própria escolha. Esse fenômeno humano se fortalece pela centralidade que o homem assume como indivíduo considerado portador de cultura, inteligente, biologicamente maduro e ligado a outros seres humanos na ação e no sentimento coletivo.
Neste cenário, coteja-se a internet como desdobramento virtual da realidade, que permite a fácil entrada e saída de sujeitos e que lá, também, assumem identidades ou reforçam a construção da existente. No terreno da internet um dos termos seguramente utilizados com grande fertilidade é a “facilidade”. A internet como campo da criatividade é palco para a