LITERATURA
Sem se propor como analogon da realidade,o cinema, segundo Deleuze, torna-se dispositivo óptico e sonoro para acionar fabulações de mundo inexistentes, ou por vir, ou, ainda mundos que nunca chegam a ser, pois estão sempre em via de se tornar algo novo, impensado, invivível.
Para Deleuze, a fabulação contém 06 elementos, a saber: 1. o devir; 2. a experimentação no real, abrindo fissuras nos sistemas simbólicos do “realismo”, para que rompam os seus automatismos, a partir de perspectivas anômalas, que desconstroem a ideologia da “normalidade, constante na representação realista; 3. o mito, ventdeixado de saber ver” (1997); 4, a invenção de um povo por vir e “que ainda não tem linguagem” (1992, 179); 5. a língua menor, que se constitui nos interstícios da língua dominante, abrindo perfurações mediante as quais a fala, a escrita, o sonho, o devaneio, o delírio do verbo plasmam novos recursos criativos para inventar outras línguas. Línguas particulares, singulares; 6. a desterritorialização, que se instaura como crítica ao mundo sedentário em que vivemos e compreende deslocamentos que nos coloca num movimento de deriva do inconsciente, na “nau do desejo, numa exterioridade que faz “rolar” o desejo, sem paralisá-lo ou representá-lo, aberto às “multiplicidades de transformação” (DELEUZE E GUATTARI,