Literatura e o seu poder teologico
De Hervé Rosseau
Uma das possíveis causas da crise do cristianismo está relacionada com certa separação (no texto trata-se como “divórcio”) entre a teologia e a experiência da fé Cristã. Essa separação se deu com a instauração da teologia científica, construída como técnica especializada, culminando na dialética escolástica, bem como, com o uso do latim como língua técnica, que transformou a teologia num domínio reservado a poucos (no texto, chamados de “iniciados”) e justifica-se a partir do fechamento e da centralização da teologia e de sua impossibilidade em abrir-se e nutrir-se da vida. “O teólogo considerará nula, senão herética, a experiência do leigo que não entre nos seus quadros; e o leigo, ignorando a teologia, não poderá compreender corretamente a própria experiência”.
Para que se possa estabelecer então um diálogo entre esses dois campos, se faz necessário conhecer seus papeis, onde a teologia teria a função não só de refletir sobre os “lugares” tradicionais, mas também de refletir a experiência vivida atual, dar-lhe expressão e torna-la inteligível, enquanto que a literatura é antes de tudo a expressão de uma experiência vivida, mesmo que seja no imaginário.
A partir desta idéia sobre a função tanto da teologia quanto da literatura, se lança então, o seguinte questionamento: “Se o teológico encontra um lugar privilegiado nesta experiência, não representa então a literatura, por sua vez, um lugar teológico essencial enquanto está mais capacitada que a teologia dialética a exprimir a experiência cristã?”.
Tentando responder este questionamento, levou-se em consideração a literatura francesa, em especial o romanesco e neste domínio, a expressão da experiência do mal.
Como o objeto de pesquisa, na verdade é a busca de um método, não se quer esclarecer ou ter uma idéia precisa sobre a expressão da experiência do mal, já que se tem claro que Adélia não se detém a tal temática. Se tenta detalhar a