Lista de exercícios
Diante da pergunta se venderíamos ou não um irmão, ela parece soar estranha e bizarra. Com certeza porque as relações familiares ainda não se renderam a lógica da mercantilização. É uma sensação similar que temos quando lidamos com a morte e seus aspectos econômicos. Não estamos habituados a comprar aquilo que não queremos. Quando consumimos, queremos utilizar as coisas pela sua beleza e prazer. Instaura-se uma relação em que, no lugar do desejo hedônico, existe o ódio e o sofrimento. Intuindo essa tensão, as empresas funerárias mudaram há alguns anos sua estratégia de marketing. Se antes estávamos acostumados àquelas funerárias em torno dos hospitais, com urnas expostas nas calçadas, agora nossa sensibilidade expressa a necessidade de consumir os produtos mortuários na ausência de sua visibilidade. As empresas em seu “layout”, começam a se assemelhar à agências de turismo. Seus nomes sinalizam “tranqüilidade”, “carinho”, “cuidado”, refletindo a necessidade de se atuar e se falar sobre a morte como se ela não existisse.
O atendimento, em particular quando voltado as classes médias urbanas, vende o produto funerário como se estivéssemos num agência de automóveis. Cada novo aparato num funeral é como se fosse um “opcional”.