Linguagem Visual
Amparo de Barra Mansa, RJ, 1899 Valinhos, SP, 1973
"O que é bom para os outros não é para mim."
Flávio de Carvalho
Arquiteto, engenheiro, cenógrafo, artista plástico, desenhista, antropólogo, amador, antropófago... ele desenvolvia em seus projetos um casamento perfeito entre sensibilidade e racionalidade, arte e ciência, imaginação e realidade. Flávio sempres esteve na linha de frente de um combate iconoclasta que travou durante toda sua vida. “A arte que interessa é aquela que procura destruir uma suposta verdade”, ele definiu certa vez em sua postura. De família aristocrática, ele viveu entre 1911 e 1922 na Inglaterra, onde se formou em engenharia civil, enquanto estudava artes plásticas em um curso noturno na conservadora King Edward Seventh School of Fine Arts. Foi como freqüentador de museus que teve seus primeiros contatos com os vanguardistas europeus. Retornou ao Brasil e não conseguiu se adequar ao emprego nos cobiçados escritórios Ramos de Azevedo. Em 1926 foi trabalhar no Diário da Noite como ilustrador e conheceu o caricaturista do jornal, Di Cavalcanti, que o apresentou ao grupo antropofágico de Oswald e Tarsila, cujos valores lhe influenciariam profundamente. Em seguida, instalou no Instituto de Engenharia um escritório, que lhe valeu também como residência e ateliê. Seu trabalho foi apresentado pela primeira vez em 1931, no Salão Revolucionário da Escola de Belas Artes, ao lado de pintores como Portinari, Lasar Segall, Cícero Dias, entre outros. Ele expôs Anteprojeto para Miss Brasil e Pensando, ambas de 1931. Nestes dois trabalhos, as mulheres são captadas pelo artista através de pinceladas densas e desveladas em formas sensuais. Elas são devolvidas ao espectador ameaçadoramente, seja com o olho esquerdo arregalado de uma Miss Brasil negra, seja no ato do “pensar”, premissa de qualquer manifestação de rebeldia. E esses são tempos em que a mulher tampouco tem direito ao voto. Em 1932, lutou a favor da