Linguagem verbal
Roseli A. Cação Fontana*
Resumo
A pesquisa apresentada neste artigo nasceu das recorrentes referências à corporeidade dos professores, apreendidas nos comentários, relatos e memórias de estudantes sobre seus tempos de escola. Indagando pelos sentidos de que se revestem o corpo do professor e seus gestos nas relações de ensino produzidas no cotidiano escolar e como essa corporeidade mediatiza e constitui a subjetividade dos sujeitos que delas participam, o estudo desenvolveu-se ao longo de um ano letivo numa escola de ensino fundamental. Nele procurou-se descrever e compreender a dinâmica gestual intersubjetiva tecida entre professoras e alunos dos anos iniciais na sala de aula e em outros espaços e momentos do ambiente escolar, tais como a chegada e a saída da escola, o recreio no pátio, a volta à sala de aula. Os postulados teórico-metodológicos de
Bakhtin sobre a linguagem e as contribuições da história cultural sobre a educação do corpo fundamentaram a investigação. Introdução
O interesse pelas mediações da linguagem não verbal no trabalho docente foi-me despertado pela recorrência com que a corporeidade dos professores emergia nos comentários das crianças, apreendidos no cotidiano de minhas relações com elas nas escolas, e nas memórias e relatos de professores sobre seus tempos como estudantes, no âmbito da educação inicial e continuada, deixando em segundo plano os conhecimentos que aqueles profissionais lhes haviam deliberadamente ensinado.
Os corpos dos professores, nesses relatos, longe de aparecerem como um
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Palavras-chave: Educação. Linguagem. Corpo. Trabalho docente.
Professora Doutora do Departamento de Ensino e Práticas Culturais e do Programa de PósGraduação em Educação da Faculdade de Educação da Unicamp, Campinas, SP Membro do
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Grupo de Pesquisa AULA - Trabalho Docente na Formação Inicial. E-mail: roap@uol.com.br