Linguagem, música e expressividade em Rousseau

Linguagem, música e expressividade em Rousseau
Eliete da Silva Cruz1

RESUMO: As concepções musicais de Rousseau abordam a relação entre música e língua. A música é uma expressão artística autêntica devido a sua proximidade a natureza e um potente veículo de expressão de sentimentos. Nesta perspectiva, a harmonia e a melodia são elementos importantes nas análises de Rousseau. A relação entre linguagem musical e linguagem verbal faz com que Rousseau dê destaque à melodia em detrimento a harmonia. Este trabalho aborda a noção de expressividade da música a partir da relação entre música e linguagem, e ao papel da melodia. Para isto, tomou-se como base as obras Carta sobre a música francesa e Ensaio sobre a origem das línguas.

Palavras-chave: Música. Língua. Melodia.

1. INTRODUÇÃO
Acompanhando-se as análises musicais de Rousseau percebemos a relação entre as obras Carta sobre a música francesa e o Ensaio sobre a origem das línguas. Ou seja, as ideias contidas nas referidas obras expressão a relação entre língua e música.
Se no Ensaio, Rousseau trata da origem, do caráter das diferentes línguas, da música, e assim, da relação entre melodia e harmonia2, na Carta sobre a música francesa, observa-se a ideia de que os problemas da música, em específico o caráter de expressividade, estão associados à debilidade da língua.
Conforme o autor, o homem se diferencia dos demais seres vivos por meio da linguagem e dos seus semelhantes devido à variedade das línguas3. Neste contexto, Rousseau utiliza-se de uma explicação hipotética para demonstrar como todos os homens precisaram servir-se da palavra. A necessidade é o elemento que impulsiona os indivíduos a se movimentarem no ambiente em que estão situados. Desse modo, é a necessidade que leva os homens a se comunicarem, a expressarem seus sentimentos.
O uso e a necessidade levam cada um a aprender a língua de seu país, mas o que faz ser essa língua a de seu país e não a de um outro? A fim de explicar tal fato,