Lidiane
Umas dentre tantas soluções seria a reforma agrária, e a transposição do rio São Francisco dando as famílias Nordestinas no mínimo uma cultura de subsistência.
Choveu demais, rios encheram, cidades foram embora com a correnteza e todos voltaram a falar da miséria do Nordeste. Na TV, o Arnaldo Jabor contou sobre uma viagem recente a Alagoas – “parecia um deserto vermelho de barro, pontilhado de miseráveis vilarejos” onde perambulavam “vassalos do feudalismo nordestino”, “laranjas das oligarquias”. Há um sentimento geral de que a pobreza nordestina é fruto da exploração de coronéis e latifundiários que não dividem suas terras, pagam salários miseráveis e mandam na política metendo o cacete nos fracos e oprimidos.
Eu gostaria de defender o contrário. O Nordeste é pobre não porque ricos exploram a miséria, e sim porque exploram pouco a mão-de-obra barata que têm ao seu redor.
Vejam o caso da explosão da fruticultura. Até os anos 90, só havia no sertão nordestino plantações centenárias de cana-de-açúcar e algodão, além de roças de subsistência daqueles que não tinham migrado para o Sudeste. De repente, multinacionais e agricultores resolveram aproveitar o preço barato das terras e da mão-de-obra, a alta insolação (que provoca mais safras por ano) e a baixa umidade (menos pragas). No fim dos anos 80, enquanto sertanejos abandonavam seus casebres e se mudavam para São Paulo, 150 famílias do interior de São Paulo e do norte do Paraná, descendentes de japoneses, foram montar roças irrigadas perto do Rio São Francisco. Um desses migrantes, Mamuro Yamamoto, virou de cara o maior produtor de uvas e amora do Nordeste. Vinícolas gaúchas logo