Licao8
Helge Kåre Fauskanger
(helge.fauskanger@nor.uib.no)
Tradução
Gabriel “Tilion” Oliva Brum
(tilion@terra.com.br)
LIÇÃO OITO
Tempo perfeito.
Desinências pronominais -n(yë), -l(yë), -s.
O TEMPO PERFEITO
Tolkien certamente imaginou mais tempos para os verbos do quenya do que aqueles que aparecem em material publicado, mas resta apenas um destes tempos conhecidos para ser discutido. O último tempo quenya conhecido é o perfeito. (Existem ainda outras formas do verbo que teremos que discutir mais tarde, tais como o infinitivo, o gerúndio e o imperativo, mas estes não contam como tempos.)
O português constrói o tempo perfeito (presente perfeito) com o acréscimo do verbo
“ter” e/ou “estar” como, por exemplo, “tem estudado”, “está escrito”, “tem falado”, “está feito” (assim como o inglês, que acrescenta o verbo “have”). O tempo perfeito descreve uma ação que em si é passada, mas ao usar o tempo perfeito, se enfatiza que esta ação passada é ainda de alguma forma diretamente relevante para o momento presente. Em inglês, pelo menos, tais construções também podem ser usadas para descrever uma ação que começou no passado e ainda continua no momento presente: “The king has ruled (ou, has been ruling) for many years.” = “O rei tem reinado (ou tem estado reinando) por muitos anos1.
O quenya, ao contrário do português (e do inglês), possui um tempo perfeito verdadeiro – uma forma unitária do verbo que expressa este significado, sem circunlocuções e verbos extras. Vários exemplos deste tempo perfeito ocorrem no SdA.
Dois deles são encontrados no capítulo O Regente e o Rei no volume 3. O primeiro exemplo é da Declaração de Elendil, repetida por Aragorn durante sua coroação. Ela segue, em parte: Et Eärello Endorenna utúlien = “Do Grande Mar para a Terra-média estou vindo (vim) [ou: tenho vindo].” Removendo a desinência -n que significa “eu”, descobrimos que o presente puro “tem/está vindo (veio)” é utúlië (de acordo com as convenções ortográficas aqui empregadas,