Liberais Conservadores E Republicanos
Emília Viotti da Costa: Da Monarquia a República
Essa cooperação entre partidos, conhecida como a Conciliação, começou em 1852 e durou cerca de dez anos.
Durante esse período, as palavras liberal e conservador converteram-se em meras etiquetas. Era voz corrente que nada parecia mais com um liberal do que um conservador. Uma vez no poder, os liberais se esqueciam das demandas que haviam feito quando na oposição. De outro modo, os conservadores no poder realizavam as reformas pelas quais os liberais tinham lutado. As etiquetas partidárias e as plataformas não tinham muito significado para a maioria dos políticos. No partido liberal havia indivíduos de tendências conservadoras, e entre os membros do partido conservador contavam-se alguns políticos cujas opiniões eram mais liberais do que as dos seus adversários.
Ferreira Vianna, por exemplo, era uma importante figura do partido conservador. Ocupou cargo de deputado em várias legislaturas entre 1869 e 1889 e apresentava-se como um homem conservador, um homem – segundo ele – que em sua casa gostava de ter a jarra sempre no mesmo lugar para poder encontra-la à noite. Mas apesar do seu alardeado conservadorismo, Ferreira Vianna era um grande crítico do poder do imperador, opunha-se à intervenção do
Estado na economia e apoiava a autonomia local e das províncias. Todos esses itens pertenciam à plataforma do partido liberal. Zacarias de Góes, uma das principais figuras do partido liberal e autor do famoso livro Da natureza e limites do
Poder Moderador, no qual ele defendia a tese de que o rei reina, mas não governa, era um dos mais eloqüentes defensores da Igreja no famoso conflito entre os bispos e o governo em 1874. Juntamente com seu adversário político, o conservador
Ferreira Vianna, o liberal Zacarias de Góes serviu de advogado dos bispos no processo aberto contra eles pelo gabinete conservador comandado pelo barão do Rio Branco, principal inimigo dos bispos.
Era comum encontrar