levantamento
A narração do adulto Joe (Woody Allen, em voz off) mostra-nos a sua infância (Seth Green) em Queens, Nova Iorque, nos anos 40 do século XX, num período onde a rádio era feita ao vivo, e a única janela para um mundo maior e mais glamoroso que o das vidas banais da sua família. Através de um conjunto de histórias, acontecimentos, anedotas de bastidores e mitos urbanos realcionados com a rádio, acompanhamos o quanto esses dias da rádSe é comum na obra de Woody Allen o olhar nostálgico sobre uma era remota, ligada à sua infância, e a uma Nova Iorque em muitos casos já desaparecida, o filme “Os Dias da Rádio” é o mais puro elogio dessa nostalgia. Neste filme faz-se a homenagem a um tempo diferente, em que a rádio era feita ao vivo e, para famílias de classe média suburbana, como a representada no filme, a única janela para um mundo diferente, feito de charme, requinte, magia. Era o mundo dos salões de baile, das orquestras, dos clubes frequentados pelo jet-set, dos cantores românticos que encantavam as raparigas, das radionovelas de dramas e aventuras, e claro, a fonte de notícias que fazia uma nação sentir-se unida e parte de algo.
Com o seu habitual olhar autobiográfico, é difícil sabermos o quanto da história da família de Joe (representado como o eterno ruivo traquinas, interpretado por Seth Green, e narrado por Woody Allen), é ou não baseada em eventos da família de Woody Allen. Mas mesmo que os factos sejam ficcionados, a representação daquela era e infância, têm decerto muito de realista, se bem que, como o próprio Woody Allen adverte no início, sejam romantizados pelo olhar da distância e pelo saudosismo do passado.
A realçar o carácter autobiográfico está a família de Joe. Trata-se de uma família judia, barulhenta, conflituosa, com muita gente a viver sob o mesmo tecto, um pai de emprego incerto, e conflitos com os vizinhos.
O filme constrói-se como uma enorme série de episódios, a maioria anedóticos, de situações dos bastidores da rádio, ou de como