Ler é bom
- Já.
- Tinha bebida alcoólica?
- Claro!
- Festa sem bebida não tem graça. E não é só em festas de 15 anos que tem. Em festas de 13, 14 anos também rola bebida alcoólica.
- É sério?
- Professor, em que mundo você vive?.
Tive o primeiro diálogo com alguns alunos de 11 e 12 anos e, todas as vezes, ele terminou igual. O “claro!”, dito com naturalidade, não me surpreendeu. Muitas dessas festas de 15 anos são realizadas inclusive no sistema “open bar”. Surpreendente, entretanto, é o fato de essas crianças comentarem que seus pais, ou pais de amigos, fornecem, autorizam e toleram o consumo de álcool nas festas. Resultado de uma conversa com alunos um pouco mais velhos, de uma turma de 7ª série, o segundo diálogo carrega a mesma naturalidade. Entre esses garotos e garotas é cada vez mais evidente o fato de que a oferta de bebida alcoólica nas festas que freqüentam ou promovem é uma coisa esperada e, além disso, um fator fundamental para a festa “bombar”. Quando chegam ao Ensino Médio, o normal, para eles, é a diversão estar diretamente relacionada à quantidade de bebida ingerida. Não podemos concordar com essa “normalidade” absurda e perigosa. Não devemos aceitar como sendo normal uma menina de 14 anos ir a uma festa, num desses lugares da moda, e menos de duas horas depois chegar a um hospital totalmente intoxicada. Detalhe importante: a festa era promovida por um garoto de 16 anos e a cerveja era gratuita.
Esse detalhe também é normal?
Para os proprietários desses estabelecimentos e, o que é pior, para alguns pais, parece que é. Em um estudo realizado na Universidade de Melbourne intitulado, “Teenage drinking and the onset of alcohol dependence: a cohort study over seven years”, conduzido por Yvonne A. Bonomo e colaboradores do Centro de Saúde Adolescente dessa universidade, e publicado na Revista Addiction em 2004, os autores afirmam: “a opinião conservadora e tradicional garante que os menores de 18 anos não devem beber,