LEMINSKI, Paulo. Distraídos venceremos. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 2006
PROF. DR. WILBERTH CLAYTHON FERREIRA SALGUEIRO
ESTUDOS LITERÁRIOS II
LEMINSKI, Paulo. Distraídos venceremos. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 2006
Em análise feita ao poema “Merda e ouro” de Paulo Leminski percebe-se que o humor encontra-se presente em boa parte de seu poema, ele faz uso de palavras como merda e cagada que causam certo estranhamento e efeito humorístico. Leminski inicia seus versos fazendo um alerta de que “Merda é veneno”, no entanto logo depois atribui a mesma um sentido de beleza, posteriormente ele iguala o ato de ‘cagar’ a ricos, pobres, reis e fadas, e por fim, faz uma comparação da pessoa amada a excrementos. O poema de Leminski apesar de coerente não deixa claro o que se pode entender por ‘cagada’, pois as palavras (cagada, bosta e merda) podem assumir tanto um sentido conotativo (erro, imperfeição) quanto denotativo (excremento, fezes). A sutileza do poema reside justamente nisso.
Os dois últimos versos: “Não há merda que se compare/ à bosta da pessoa amada” soam um pouco ambíguo, pois não fica claro se o eu - poético está se referindo à própria pessoa amada, ou àquilo que ela fez, ou se são ambas as coisas.
Na primeira hipótese, pode-se concluir que, ao se referir desta forma à pessoa amada, o eu - lírico revela uma dualidade no amor, algo que condensa, de certa forma, o ódio e o próprio amor. Na segunda, não haveria nenhum erro ou imperfeição comparável aquele da pessoa que se ama.
Geane Teodoro Damasceno
Vitória
2011