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Carlos José Marques, diretor editorial
O monumental abismo que separa o Brasil do resto do mundo desenvolvido, e em desenvolvimento, no campo da educação parece não ter fim. É o que ficou mais uma vez evidente com o último resultado do Pisa, o exame patrocinado a cada três anos pela OCDE com um grupo de estudantes entre 15 e 16 anos de 65 países. O Brasil, nas três categorias em análise (matemática, leitura e ciência), oscilou entre a 55ª e a 59ª posição. Em suma: perdeu fragorosamente na qualidade do ensino/aprendizado. Houve melhorias pontuais como na área de matemática, critério no qual o País foi o que mais avançou entre os avaliados. Porém, as distâncias no nível de conhecimento, comparativamente, são tão grandes, mesmo nessa matéria, que as evoluções passam despercebidas. A posição no ranking demonstra isso. É secular e inaceitável o descaso que o assunto enfrenta por aqui. Não apenas do ponto de vista do direcionamento de verbas, como do planejamento do setor no curto, médio e longo prazos. O Brasil segue vivendo uma equação perversa: tem anualmente gasto mais e gasto pior. O mau investimento é fruto de políticas equivocadas, desvios de toda ordem e ausência de critérios eficazes para uma escolarização de alto padrão. Quantidade nem sempre é sinônimo de qualidade e no âmbito da educação essa conclusão assume proporções gritantes. Tome-se o exemplo do ensino superior brasileiro, que conta com mais de duas mil universidades e conseguiu incluir apenas quatro delas em um ranking das 100 melhores existentes no bloco dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). A péssima condição de parte das instituições, verdadeiros caça-níqueis sem nenhum compromisso com a formação adequada dos universitários, só amplia o problema.
De maneira geral, um dos motivos para o déficit educacional pode estar no tempo que o aluno passa em sala de aula – bem menor que o da média mundial. Outras das razões, e talvez as mais graves, são a