Lawers, michel. santas e anoréxicas. in: berlioz, jacques (apres.). monges e religiosos na idade média. lisboa: terramar, 1994, p.219-223

420 palavras 2 páginas
Neste capítulo Lawers relata a partir do século XII, os inúmeros casos de mulheres que passaram a se privar da alimentação em busca de uma espiritualidade mais refinada. E indo mais a fundo na análise sobre a vida dessas mulheres percebem-se que usaram daquilo que dominavam para buscar certa autonomia dentro de sua sociedade, pretendendo uma nova forma de vida religiosa. Apesar de haver períodos de abstinências recomendados pela a Igreja, muito casos de mulheres da Idade Média passaram a não observá-lo, prolongando-os por vários anos. Jejuns esses que eram rigorosos
“Muitas baniam completamente da sua alimentação a carne e o vinho, alimentavam-se apenas de pão, frutos silvestres e ervas. Algumas chegavam a rejeitar tudo que fosse cozido, aceitando apenas alimentos crus.” (LAWERS, 1994 :p.220) O rigor de suas abstinências alimentares conduziu por vezes essas mulheres à morte, e sendo algumas delas posteriormente reconhecidas como santas. Como o caso Marie D’Orgie, morta em 1213, segundo Jacques Vitry, seu confessor, passou muito tempo de sua vida comendo pão escuro e duro até não poder absorver mais nenhum alimento. Outro caso que se destaca é de Catarina de Sena, que aos dezesseis anos deixou de se alimentar, perdendo peso rapidamente, não conseguindo nem mais engolir seu estômago já não suportava receber alimentos, morreu em 1380.
A intenção dessa espiritualidade é posta em questão por dois historiadores citado pelo autor, o primeiro é Rudolph M. Bell, que analisando o perfil dessas mulheres encontra que ou eram adolescentes em revolta contra os pais ou mulheres casadas e até mesmo mães desejosas de abandonar a vida conjugal familiar, tendo isso em vista ele afirma que através de suas penitências, elas pretendiam encontrar uma certa autonomia dentro de sua sociedade. Convergindo com a mesma idéia a historiadora Caroline W. Bynum acredita que elas souberam um usar aquilo que detinham sobre o seu domínio - o caso da alimentação e seu preparo –

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