Lasch
A apropriação de Lasch a um referencial psicanalítico permite formular hipóteses acerca dos fenômenos sociais que observou, e é desse modo que o autor acredita que os estudos do autor se prestam ao tipo de reflexão que eles buscaram realizar.
Segundo Lasch, os narcisistas se caracterizam pela superficialidade emocional, medo da intimidade, hipocondria, pseudo-autopercepção, promiscuidade sexual, horror à velhice e à morte. São descrentes quanto a possibilidade de mudar o futuro, desprezam o passado e vivem para o momento.
Para ele, a crença de que a sociedade não tem futuro, embora se baseie em certo realismo sobre os perigos do devir, também incorpora uma incapacidade narcisista de se identificar com a posteridade ou de se sentir parte do fluxo da história. Na ausência se valores como justiça social e sentido de continuidade com gerações anteriores, a ética da sobrevivência constitui a marca distintiva da cultura do narcisismo. Essa cultura testemunha a transformação do individualismo competitivo e da ética do trabalho livre, característicos do início do capitalismo, na ética da autopreservação e da sobrevivência psíquica.
Paralelo entre a indiferença do homem narcísico e a atitude blasé dos habitantes das metrópoles (Georg Simmel). A essência dessa atitude reside no embotamento do poder de discriminação diante do excesso de estímulos e informações inerentes às grandes cidades, trata-se de um estado de ânimo em que o valor atribuído às coisas, acontecimentos e pessoas é nivelado. Nos dias de hoje temos essa indiferenciação no que diz respeito à naturalidade com que assistimos variadas notícias