Koolhaas O Que Aconteceu Com O Urbanismo
Rem Koolhaas1
Este século foi uma batalha perdida com o problema da quantidade.
Apesar das suas promessas iniciais, da sua freqüente bravura, o urbanismo foi incapaz de inventar e se cumprir na escala demandada por seus demográficos apocalípticos. Em 20 anos, Lagos cresceu de 2 para 7, para 12, para 15 milhões de habitantes; Istambul dobrou de 6 para 12. A China prepara-se para multiplicações ainda mais chocantes.
Como explicar o paradoxo de que o urbanismo, como profissão, desapareceu no momento em que, por toda a parte, a urbanização – depois de décadas de aceleração constante – está a caminho de promulgar um “triunfo” definitivo e global da condição urbana?
A promessa alquímica do modernismo – transformar quantidade em qualidade por meio da abstração e da repetição – foi um fracasso, um embuste: mágica que não deu certo. Suas idéias, estética, estratégias chegaram ao fim. Juntas, todas as tentativas de criar um novo começo apenas desacreditaram a idéia de um novo começo. Uma vergonha coletiva correspondente a esse fiasco criou uma enorme cratera na nossa compreensão de modernidade e modernização.
O que torna essa experiência desconcertante e (para os arquitetos) humilhante é a persistência desafiadora da cidade e seu aparente vigor, não obstante a falência coletiva de todas as agências que operam sobre ela ou tentam influenciá-la – criativamente, logisticamente, politicamente.
Os profissionais da cidade são como jogadores de xadrez que perdem para computadores. Um piloto automático perverso constantemente passa a perna em todas as tentativas de apreender a cidade, esgota as ambições de defini-la, ridiculariza as afirmações mais apaixonadas quanto à sua falência atual e sua impossibilidade futura, a conduz implacavelmente além no seu vôo à frente. Cada desastre profetizado é de algum modo absorvido pela infinita anulação do urbano.
Mesmo que a apoteose da urbanização seja óbvia e matematicamente inevitável, uma corrente