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Filha de Théon, um renomado matemático, diretor do Museu (casa das musas, sendo que cada uma das artes tinha uma respectiva musa, uma entidade protetora e inspiradora) e da Biblioteca de Alexandria, Hipatia teve uma sorte que poucas mulheres de sua época tiveram: a possibilidade de permanecer solteira, podendo assim ser livre para estudar e lecionar, sem ter que se submeter à autoridade de um homem, tudo isso com o consentimento de seu pai, que, observando as potencialidades da filha, preferiu dar-lhe uma educação muito mais ampla que uma mulher de alta condição social receberia ao invés da condição de “mãe e esposa”, que nas palavras de Théon, (Michael Logsdale), “seria a morte”.
Apesar da grande quantidade de romances e livros que procuraram retratar a célebre pensadora, o filme de Amenábar procurou fazer uma leitura mais ponderada e próxima do real: de um lado mostrava a excelência do trabalho de Hipátia, mas de outro não se esquecia de colocá-la como uma mulher rica, de uma sociedade escravista, que por mais que tentasse abrandar as diferenças entre ela (livre) e os escravos (propriedades), Hipátia ainda era alguém de condição superior que menosprezava os escravos, não tendo a crueldade de muitos senhores.
A fala de Hipátia censurando os discípulos sobre a intolerância foi exemplar: “as lutas são coisas de escravos e canalhas”, dita num momento de tensão entre dois discípulos, o choque de opiniões entre o pagão Orestes (Oscar Isaac), filho do prefeito de Alexandria e o cristão Sinésio (Rupert Evans), exatamente após a brilhante explanação do escravo de Hipátia, Davus, o qual