A civilização do Antigo Egito era eminente- mente religiosa. Durante três milênios e mais, ela permaneceu estritamente fiel as suas crenças e práticas, apesar das vicissitudes históricas. O egípcio integrava a vida corrente à vida religiosa; os deuses sempre estavam presentes, do nascimento à morte e, também, além da morte. A princípio, os egípcios cultuavam o animismo, que consistia no culto à Natureza, e assim persistiu até meados de 3000 anos a.C., quando evoluiu para uma prática religiosa repleta de vários deuses, sendo identificados até 2000 divindades, mas que ainda conservou influência dos cultos anteriores, pois vários deuses eram representados pelos seus fiéis como sendo zooantropomórficos. A religião do Antigo Egito não era uma religião universal, ou seja, não propunha uma Salvação ou uma Verdade única aos homens do mundo inteiro. Foi uma religião estritamente nacional, mais ligada a uma terra que a um povo. Para os fiéis, o Egito é o centro da terra, o reflexo do mundo “celeste” em nosso mundo. O egípcio é, por conseguinte, o único homem digno desse nome, o único que “conhece os deuses”. Os deuses eram ordenados e hierarquizados em grupos. O agrupamento básico era três deuses, em geral um casal e o seu filho ou filha (tríade). Assim, por exemplo, a tríade da cidade de Tebas era composta por Amon, Mut e Khonsu. A primeira tentativa na história de impor o monoteísmo, ou seja, o culto a um único deus, aconteceu no Egito, durante a XVIII dinastia, em que o governante era o faraó Amenófis IV. Ele propôs eleger o deus Sol, Áton, como o único ser supremo que seria cultuado. Porém o politeísmo estava enraizado nas estruturas sociais e políticas do Antigo Egito, provocando uma intensa resistência a essa nova prática religiosa. E, após a morte desse faraó, a religião politeísta novamente foi