Jung e a literalização
DO ARQUÉTIPO DA CRIANÇA Palestra apresentada no evento da Rubedo “A Criança e o Adolescente: perspectivas junguianas”, no Rio de Janeiro - setembro de 2006. |
Hoje estamos aqui para falar sobre o atendimento de crianças e adolescentes segundo a visão junguiana. Trata-se de um tema pouco difundido, apesar de vários analistas junguianos trabalharem com esse tipo de clientela. E por quê?Parece que alguns temas estão “pré”-associados a Jung e à sua teoria; ao ser mencionado o nome de Jung em qualquer conferência ou ciclo de palestras, parece ser sempre esperado que surjam temas, primeiramente, como símbolos, mitologia, religião, contos de fada, arquétipos, inconsciente coletivo, fantasias, visão holística da personalidade, processo de individuação, análise de sonhos, imaginação ativa, alquimia, técnicas de expressão não-verbais; quando o enfoque recai no trabalho clínico junguiano, o que se espera é que se fale sobre o atendimento de pacientes da chamada “segunda metade da vida”, o que sugere o tratamento de adultos e de indivíduos, no máximo, da “terceira idade”, ou seja, àqueles que estão em busca do significado de suas vidas.E por quê não pertenceria ao “imaginário” junguiano o trabalho com crianças e com adolescentes? Por quê essa clínica é tão menos divulgada? Como tentativa de responder a essas perguntas, vou formular hipóteses, um tanto complementárias, sendo que irei tratar da última mais detidamente, tal como aponta o título da palestra. Em primeiro lugar, parece que ficou estabelecida uma certa confusão entre os termos “análise da infância” e “análise da criança”. Acredito que o próprio Jung tenha sido o primeiro a não deixar clara a diferença entre eles quando, por exemplo, questiona a importância da infância para Freud e, conseqüentemente, para a psicanálise, principalmente sobre seus “achados” teóricos sobre a sexualidade infantil e suas conseqüências para a vida dos indivíduos adultos. Em alguns de seus textos, como os que se