JUDEUS
Rita Miranda Soares
O povo brasileiro é fruto e fonte criadora de pluralidade cultural. A presença de outros povos em território nacional ajudou a moldar algumas de nossas principais características culturais, desde o desembarque de Cabral na terra que viria a ser o Brasil.
Essa diversidade deve ser reconhecida, respeitada e valorizada. Pois um povo que não conhece suas raízes, é um povo sem identidade.
Pensando nisso, procuramos resgatar nesse estudo a influência da cultura judaica sefaradim na civilização brasileira, especialmente em Minas Gerais, que é o tema central da nossa pesquisa. Consideramos importantíssimo marcarmos essa influência e nos lembrarmos da vertente judaica junto com o índio, junto com o negro, junto com o português, e com vários outros povos – italianos, sírios e libaneses, poloneses, japoneses, etc. – que aqui vieram compartilhar conosco da sua cultura.
Resgatar esses valores é resgatar a própria cultura mineira, a qual está intrinsecamente ligada à tradição milenar desse povo. Tradição que se viu camuflada, esquecida em muitas casas, simplesmente para que as famílias pudessem fugir às mãos de ferro da Inquisição. Quantos jovens e crianças não tiveram de renegar seu sangue, sua crença, sua família? Quantos homens e mulheres não se viram obrigados a deixar seus lares, suas terras e seus parentes, jogados numa aventura de futuro incerto, em frágeis naus, a fim de virem para uma terra estranha, sem saber o que os aguardava?! A Península Ibérica (Portugal e Espanha) contribuiu, de maneira avassaladora, durante a Inquisição que durou cerca de três séculos, se não para o genocídio, pelo menos para o abafamento de boa parte da cultura, religião e arte de um povo de tão rica formação humanística. A assimilação deles em nossa cultura foi imposta pela Inquisição, sob pena de expatriação ou morte, deixando muitas características judaicas no substrato dos brasileiros. O estudo