Joven Jeremias

Viver em sociedade nunca foi, é e será tarefa fácil. Ninguém nunca teve a oportunidade de pedir para nascer. Isso não é uma opção! Quando se nasce tudo está basicamente aí prontinho: das leis da natureza ao perfil da cultura em que, cada um de nós, sem nenhuma exceção, foi literalmente jogado.

Ser histórico significa exatamente isso: ser condicionado a um determinado lugar e a um determinado momento ou contexto cultural; além, claro, de ter uma pluralidade quase inesgotável de características pré-determinadas ou que irão nos influenciar: biológicas, sociais, econômicas, culturais etc.

Se um bom número dessas características será herdado diretamente da simples e indiferente brutalidade da natureza, pois não adianta bater o pé, ela é autoritária e não cederá aos nossos caprichos. Outras não oferecerão o cardápio no começo e, apesar da dureza, poderão ser mudadas com o passar do tempo, por exemplo: a religião dos avôs, o tamanho dos seios, a cor do cabelo e por aí vai.

No momento em que nascemos já temos, inevitavelmente, pelo menos um pai, uma mãe, dois avôs, duas avós, quatro bisavôs, quatro bisavós ad infinitum, mesmo que a memória e mísera vida não acompanhem o defunto. E é bem provável já ter um ou mais tios, uma ou mais tias, um ou mais irmãos. E a não ser que se more no meio do nada, temos sempre um ou mais vizinhos. E mesmo morando no meio do nada, há do lado um uma distante cidade vizinha. Não há o que fazer, nascer é despencar em alguma lugar.

Os inevitáveis pais e os prováveis tios, tias, irmãos e vizinhos já possuem gostos musicais, falam uma determinada língua, andam de pé, dão risadas por banalidades, choram, torcem pra algum time, comem, bebem, vão ao banheiro, uns sentados outros de pé, se reúnem em grupo, uns se odeiam, outros se amam, uns trabalham outros só estudam, uns trabalham e estudam e outros não trabalham e nem estudam e vivem à custa dos que trabalham e estudam.

A primeira coisa exigida, além das elementares necessidades