Jornal corporal
Samantha Costa tinha 26 anos, e já era divorciada. Casou-se muito jovem, e foi morar na Cidade. Seu casamento ruiu devido ao alcoolismo e violência do marido após cinco anos sofridos. Sorte dela que ela não poderia ter filhos, a pensava, tudo poderia ter sido tão pior. Ou será que não? Será que se pudesse ter tido filhos seu casamento poderia ter tido outro final?
Nada disso importava mais. Voltou a morar com a mãe na Vila após o ocorrido. Arranjou um emprego como vendedora de dia e fazia faculdade a noite. Direito. Seu grande sonho de adolescente finalmente sendo realizado, uma merecida recompensa após tantas coisas ruins na vida.
Sua vida já tinha se transformado em rotina, ela acordava as 05h40min da manhã, sua mãe já estava em pé preparando o café (como ela sentiu falta desses mimos), ela se arrumava, colocava o terno da loja (“Suit and Tie – Para Homens Poderosos” estampados no bolso esquerdo do peito), tomava café, dava um beijo na mãe e descia a rua pegar o ônibus que passava as 06h50min em ponto. No serviço, que ficava na Galeria da Vila, ela basicamente vendia ternos e gravatas para as esposas (geralmente idosas e/ou religiosas) que passavam por ali e/ou levavam seus desinteressados maridos para prová-los. Era uma loja pequena e simples, tinha apenas cinco vendedoras, mas era sofisticada, Sam gostava de trabalhar lá. As 18h ela saía do