Carta sobre a Tolerância Locke nasceu em 1632, em Wrington, perto de Bristol (Inglaterra). A Grã- Bretanha, como muitos outros países europeus, vivia mergulhada em profundas convulsões políticas, neste caso, entre parlamentaristas e absolutistas, mas também entre católicos e protestantes. Como médico, filósofo e político, Locke é considerado um precursor da democracia liberal, dada a importância que atribuiu à liberdade e à tolerância. É na Carta Acerca da Tolerância que Locke argumenta sobre a necessidade da austeridade religiosa. A História demonstra que as inquisições foram praticadas na contra-reforma, tanto por católicos como por protestantes ortodoxos, especificamente os calvinistas puritanos. Para John Locke, A Carta destaca que a Tolerância deve ser a verdadeira profissão de fé. Não adianta professar a fé, respeitar os seus dogmas e não respeitar o direito religioso dos outros. Para ele, “Ninguém pode sinceramente lutar com toda a sua força para tornar outras pessoas cristãs, se não tiver realmente abraçado a religião cristã em seu próprio coração”. O pensador busca a fundamentação bíblica e aponta a incoerência existente naqueles que, em nome da boa religião, perseguem cruelmente os que contradizem os próprios referenciais cristãos. Locke argumenta sobre a existência de uma dicotomia vivida por várias lideranças religiosas que vivenciam uma religiosidade fundamentada numa liturgia aparente. Suas ações, aparentemente são cristãs, no entanto, as práticas apresentadas não condizem com os princípios ensinados por Cristo. Fica evidente que o interesse dessas lideranças que parecem mergulhar na chamada austeridade cristã não é o anunciado reino de Jesus Cristo, mas o reino das coisas do mundo. A intolerância daqueles que buscam a promoção do crescimento de sua Igreja destrói o discernimento ao ponto de não perceberem que se o evangelho tivesse que ser promovido pela força, por exércitos e armas de guerra, Jesus teria convocado as suas legiões